Robustez do Sistema Financeiro Permitiu Ultrapassar Vários Desafios

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O governador do Banco de Moçambique, Rogério Zandamela, considera que a robustez da capitalização e rendibilidade permitiu ao sistema financeiro nacional enfrentar e ultrapassar vários desafios, incluindo a pandemia da Covid-19 no corrente ano.
Zandamela fez apreciação nesta quarta-feira, na cidade de Nampula, capital da província do mesmo nome, no início do 46º Conselho Consultivo do Banco Central.
“No que concerne ao desempenho do sistema financeiro, em geral e, do sector bancário, em particular, destacamos que apesar da deterioração da carteira de crédito, o nível robusto de capitalização e de rendibilidade do sistema financeiro permitiu enfrentar os desafios impostos pela Covid-19, entre outros riscos”, apontou.
Na sua apreciação, Rogério Zandamela referiu que o desempenho da economia moçambicana, no corrente ano, esteve condicionado a um conjunto de factores internos e externos que influenciaram, em grande medida, os resultados alcançados.
“A nível interno, iniciamos o ano num ambiente marcado por elevados riscos e incertezas resultantes da rápida propagação da Covid-19, forte pressão cambial, intensificação dos ataques terroristas na zona norte do país e a ocorrência de calamidades naturais”, destacou.
Com relação a conjunta internacional o governador considera que a mesma foi caracterizada pelo surgimento de novas vagas de infecções e variantes do coronavírus, volatilidade dos preços internacionais das mercadorias e fortalecimento do dólar norte-americano.
“O efeito combinado destes factores resultou na revisão em alta das nossas perspectivas de inflação para o presente ano, o que exigiu a tomada de medidas correctivas que garantissem a estabilidade macroeconómica e do sistema financeiro do país”, salientou.
Entretanto, segundo o governador, o BM tomou um conjunto de medidas visando assegurar a estabilidade e integridade do sistema financeiro nacional, expansão da cobertura dos serviços financeiros e melhoria da qualidade dos serviços prestados pelas instituições financeiras ao público.
Destacam-se entre as medidas a aprovação do quadro regulatório que cria o Número Único de Identificação Bancária, (NUIB), que permitirá que cada cliente do sistema bancário seja identificado a partir de um único número individual que será utilizado por todas as instituições de crédito e sociedades financeiras que operam no país.
Outras intervenções, explicou Zandamela, ocorreram no domínio da condução da política monetária e cambial. “Remetemos às autoridades competentes a proposta de revisão da e Lei Cambial, visando conferir maior disciplina aos operadores de mercado, num contexto de liberalização gradual das operações cambiais”.
O governador do BM informou ainda que foi concluída a proposta técnica do projecto de criação do Fundo Soberano de Moçambique.
Rogério Zandamela deu como certa a inauguração, ainda neste mês de Novembro, do novo edifício da filial de Nampula do Banco de Moçambique, construído de raiz, na zona nobre da capital provincial.
Reservas Internacionais Cobrem Mais de Seis Meses de Importações
O Banco de Moçambique garante que o país possui reservas internacionais brutas em níveis confortáveis, que permitem cobrir mais de seis meses de importações.
A garantia é do governador do Banco de Moçambique, Rogério Zandamela, explicando que esta posição do país foi fortalecida com o reforço das medidas para o cumprimento da legislação cambial, com destaque para o aumento das inspecções “on-site” às instituições de crédito e sociedades financeiras.
“Como resultado destas medidas, alcançamos o nosso objectivo de estabilidade de preços e testemunhamos a estabilidade do metical em relação ao dólar americano”, disse Zandamela, durante a sessão de abertura do 46º Conselho Consultivo do Banco de Moçambique, um evento de três dias em curso na cidade de Nampula, capital da província com o mesmo nome, no norte do país.
“O aumento das reservas internacionais contou, também, com a recente alocação dos direitos especiais de saque pelo Fundo Monetário Internacional, (FMI), no montante equivalente a 308 milhões de dólares”.
Zandamela admitiu que perante os resultados positivos alcançados nos indicadores de gestão, o Banco decidiu reduzir substancialmente os coeficientes das reservas obrigatórias em moeda nacional e estrangeira.
“A redução dos referidos coeficientes de reservas obrigatórias permitiu injectar mais de 500 milhões de dólares, no sistema financeiro, que poderão contribuir para o processo de recuperação económica em curso”, anunciou.
A reabertura gradual das economias, impulsionada pelo relaxamento progressivo das medidas restritivas contra a Covid-19, proporcionou, segundo Zandamela, o registo de uma melhoria na procura global a partir do segundo trimestre do corrente ano.
“Com efeito, após uma variação ténue de 0,1 por cento no primeiro trimestre, o produto interno bruto real registou um crescimento anual de cerca de dois por cento, no segundo trimestre de 2021, contra uma contracção de 3,5 em igual período de 2020”, explicou.
Durante os primeiros dois dias, os participantes irão debater assuntos de fórum interno e, na próxima sexta feira, está agendada uma sessão pública sobre o tema: “Desafios e Oportunidades na Comercialização e Processamento da Castanha de Caju: O Caso de Nampula”.
Nampula é o maior produtor nacional de castanha de cajú, e esta cultura de rendimento é uma das bandeiras da província.